segunda-feira, 30 de abril de 2012

Teoria do Caos


Não adianta fazer planos, que qualquer dia se termina enxergando desenhos nos reflexos da janela outra vez. De nada servem os meses de tocar e não ter: quando você parar de tocar, terá. E de nada adianta fazer sentido, pois qualquer dia desses você vai estar distraído, porém são e consciente de que "não mais", "nem muito", "tudo é pouco" e então para você realmente vai ser, mas em algum lugar da outra pessoa a teoria do caos vai causar o contrário e sentido vai ser mesmo coisa de soldado.

Você engolirá borboletas no escuro ao som de guitarras distorcidas e não saberá se prefere o amargo das borboletas mortas ou o doce das tardes de terça-feira cozinhadas com calda de chocolate. Você construirá todos os relicários para o passado e, como estátua ganhando vida, ele vai voltar lhe inundando tanto quanto o presente. E então as coisas vão girar. Ao seu redor, um furacão, você-olho. Como todos os moinhos, rodas, bolas de gude e de meia, as imagens de um passado-relíquia vão casar com as imagens do presente-tesouro e rodar ao seu redor até que você pense que está em um sonho ou talvez em um história impressionista de Virginia Woolf. Você será Orlando, será homem e amará princesas russas, será mulher e amará cavalheiros medievais, será homem e amará rapazes de saia, será mulher e ainda amará o rosto jovem das princesas de Moscou. Você acordará em uma manhã, em Constantinopla, e ao invés de nobre rapaz inglês, estará transformado em uma mulher madura que odeia saias e vestidos.
Qualquer dia desses, você irá querer contar uma história como a do Pequeno Príncipe e não mais enxergará chapéus onde seriam elefantes sendo engolidos por cobras. Você enxergará os elefantes e os carneiros, mas desejará não ser responsável por isso. Você terá medo dos baobás e eu lhe contarei histórias para dormir. Eu escreverei histórias no céu, com as estrelas tortas de seis ou sete pontas, e eu não saberei se estarei criando uma ode ao passado ou uma prece ao futuro.
Meu bem, meus-bens, amantíssimos: estou enlouquecendo. A felicidade tem gosto de lágrima. Esse é um bilhete-pedido para que os físico-químico-biólogo-matemático-estudiosos consigam desencadear o que seria, quem sabe, deus queira, quiçá, talvez, um segundo Big Bang.
E cada milímetro da minha pele será grande, suficientemente grande.