quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Caído


Quantos crimes eu cometi inventados por você?
Toda escuridão será calada, assim que o sangue fabricado nos seus tanques for limpo nas águas turvas de um rio qualquer. Haverá um dia em que os guardas do rei descobrirão o líquido vermelho no meio do imenso rio e eu serei como um anjo posto na estaca pagando pelos próprios delitos, e eu não saberei de nada dos meus próprios delitos, pois foi você quem os pintou. Os crimes que você quis pintar em mim e, por isso, me fez colorido. Da cor dos seus crimes. Muitos. Matiz.
Eu serei como aquele que foi expulso dos céus. Mas só porque foi assim que você me viu. Se houvesse me olhado com os olhos mais puros eu talvez ainda estivesse lá – intacto e casto – e não um semi–anjo, caído, por completo. Quando os seus olhos fecharam, eu calei e quando os seus braços mataram, foram nos meus que o sangue apareceu.
Eu sou só o espinho. Da flor mais estrangeira que você nunca conheceu.

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