terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Historieta




Eu tenho um minúsculo animalzinho contador de histórias, alimentado a leite seco de um seio morno, que cria sua sonomágicoplastia das cordas vocais de um velho e apodrecido corpo. Ouço o que diz, mas talvez não escute.
Ou, quem sabe, escuto sem ouvir.
Ás vezes, a grande parte, são histórias ainda nem vividas, ainda não concretizadas, entrelaçadas na sua mente esdrúxula como a confusão temporal da teoria das cordas, em que cada escolha se torna completamente uma nova vida, vivida sim, porém não conscientizada, uma duas três quatro cinco seiscentas mil vidas paralelas vividas trevividas e também, sempre, sempre, mortas. Sempre, assim que vividas, absolutamente esquecidas.
Meu contadorzinho é mais bicho que muita fera e mais gente que muito Deus. Pois tem história que não se conta – se passa por ela; tem história que não se ouve – se tem; tem história que não se vive – se mente; tem história que não existe, morre; tem história que mata, tem história que deixa viver. Mas toda história é história e quem conta é assassino e é também Messias, escritor e meretriz.
História é estória, estória é escória, escória é resquício, que é vitalício, é histeria, mimetismo, pluralismo e cicatriz.

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