Uma canção pra te fazer ninar, com vinho ou de sopetão, uma canção pras cinco da manhã ainda ser cedo do dia anterior. Uma canção que mantenha de pé até a musculatura e o peito cansarem da chuva e pra se sentir ainda o cheiro da pele de ontem subindo dos cobertores e travesseiros.
"Aguaceiro, aguada, bátega, borrasca, carga d'água, chuvada, chuvarada, chuveiro, dilúvio, pancada, pancada de água, pé de água, pé-d'água, salseirada, salseiro, tempestade, temporal, tromba d'água."
E os olhos que eu passava o dia a vigiar já não sentem mais a dor de se entender o que se é. Assim ficar, sem sentir, absorvendo o aroma anterior até que a boca fique roxa de sufocamento e, assim, que ceda ao sim da sede.
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