
Nós caminhamos juntos em meio à multidão esparsa em uma avenida de fevereiro. Eu puxava a sua mão de dedos trêmulos, guiando-te para o fundo da minha própria loucura com os meus braços de insanidade. Eu vestia um vestido branco feito de gaze que se estendia até meus joelhos, com os olhos pintados e borrados de negro mais puro e nos lábios, um vermelho-sangue. Nós andamos ali por um tempo, enquanto eu desviava dos transeuntes o seu corpo desajeitado e aparvalhado de medo. Em certo ponto viramos juntos para a esquerda – o caminho da gente estranha – por um beco cuja solidão apresentava um contraste absurdo à agitação da rua principal. Eu tinha em meus olhos um brilho demoníaco e na boca um ácido gosto de fel e vingança (era isso que te causava tanto pavor porque - tenho certeza - você sabia o que eu estava prestes a fazer).
Nós chegamos juntos (“nós” e “juntos” na mesma frase soa tão irônico agora, não é mesmo?) a um terreno baldio abandonado, cercado de lixo de todas as origens, esgoto e pequenos animais mortos. Puxando ainda a sua mão frouxa, eu o levei até o centro daquele espaço. Nós dois observamos a espécie de túnel que eu havia cavado ali, no meio de toda aquela imundice – eu, com um sorriso cruel; você, com um pânico semi-disfarçado. Eu te fiz entrar comigo naquele buraco terrivelmente cavado, engatinhando feito duas crianças brincando em um parque de diversões (a excepcional diferença era que eu era a única criança ali com um brinquedo, um parque e uma diversão). Nós nos arrastamos até o subsolo mais fundo, até o mais profundo monte de lama que eu outrora havia conseguido cavar. Ao chegarmos lá, o seu corpo deitou-se, exausto e incapaz. Lá estava você e o seu ego imponente, sua sujeira tremenda, sua estupidez exposta, e tudo o que havia de mais indigno e baixo em seu espírito estendido no meio da terra. Foi quando eu saquei meu punhal.
Primeiro, eu apunhalei a tua língua, para que esta não mais pudesse ser regada com seus pensamentos sórdidos. Depois, eu feri o teu ventre, para que não pudesse nascer nada de ti (nada mais desprezível, nada mais abominável). Golpeei também os teus pés, para que você não pudesse sair dali nunca mais. Por último, eu apunhalei o teu peito, para assistir o teu ego inflado e grandioso murchar, findar e sumir diante de meus olhos triunfantes.
Um trecho célebre veio a minha mente naquele momento, enquanto observava o seu último suspiro agonizante (deus!, havia tanto tanto sangue).
Nós chegamos juntos (“nós” e “juntos” na mesma frase soa tão irônico agora, não é mesmo?) a um terreno baldio abandonado, cercado de lixo de todas as origens, esgoto e pequenos animais mortos. Puxando ainda a sua mão frouxa, eu o levei até o centro daquele espaço. Nós dois observamos a espécie de túnel que eu havia cavado ali, no meio de toda aquela imundice – eu, com um sorriso cruel; você, com um pânico semi-disfarçado. Eu te fiz entrar comigo naquele buraco terrivelmente cavado, engatinhando feito duas crianças brincando em um parque de diversões (a excepcional diferença era que eu era a única criança ali com um brinquedo, um parque e uma diversão). Nós nos arrastamos até o subsolo mais fundo, até o mais profundo monte de lama que eu outrora havia conseguido cavar. Ao chegarmos lá, o seu corpo deitou-se, exausto e incapaz. Lá estava você e o seu ego imponente, sua sujeira tremenda, sua estupidez exposta, e tudo o que havia de mais indigno e baixo em seu espírito estendido no meio da terra. Foi quando eu saquei meu punhal.
Primeiro, eu apunhalei a tua língua, para que esta não mais pudesse ser regada com seus pensamentos sórdidos. Depois, eu feri o teu ventre, para que não pudesse nascer nada de ti (nada mais desprezível, nada mais abominável). Golpeei também os teus pés, para que você não pudesse sair dali nunca mais. Por último, eu apunhalei o teu peito, para assistir o teu ego inflado e grandioso murchar, findar e sumir diante de meus olhos triunfantes.
Um trecho célebre veio a minha mente naquele momento, enquanto observava o seu último suspiro agonizante (deus!, havia tanto tanto sangue).
“Morrer — dormir, nada mais; e dizer que pelo sono se findam as dores, como os mil abalos inerentes à carne — é a conclusão que devemos buscar. Morrer — dormir; dormir, talvez sonhar.”Era isso. Eu queria matá-lo para que você não pudesse (nunca, nunca mais) sonhar. Era por isso que eu havia cavado, com tanta loucura e demência, com tudo o que havia de mais cruel e desumano em mim, a sua sepultura. Não te parece doce o seu próprio sepulcro? O seu, a mim, pareceu. Com a mais pura e casta maldade de meu coração desgastado. Morrer? Dormir? Talvez sonhar? Eu respondo por você: morrer.
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