sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nem

(Os devidos créditos: 1) http://migre.me/5r0ig e 2) http://migre.me/5r0iW)

Ai! Que tudo ficou amargo!
Não tem mais adaga nem ipê, não tem mais dinheiro nem paixão, não tem mais descanso e só resta desejo, só tem não, só tem o nada e também a falta, não sobrou o voo e não tem nem chão, não tem mais alma, nem salto, nem ribalta, nem amplidão.
E agora, você?
Não se tem família nem malucos, o romântico se perdeu com o burguês, nunca conheci Copacabana nem a Bahia, nem o calado ou o garanhão, não tem mais canção, não sobrou não, nem sim ou talvez, razão nunca teve, não tem mais raposa nem amigo, não tem mais cowboy, não tem mais chinês.
E agora, você?
Não tem mais espírito nem ação, nem ternura ou tesão, não tem verso livre, não tem decassílabo, anjo nunca teve, mulher não tem mais, prazer também não, só dor, mas tortura não tem mais, nem mansidão nem lar ou revolução, nem bandido, nem herói.
E agora, você?
Discurso não tem, nem televisão, romance não tem, sobrou rock’n roll, não tem mais lua nem o sol, pra pura natura o fogaréu, acabou o mistério, acabou a luz, não tem mais canto nem mundo inteiro, nem quaresma ou fevereiro, não tem coqueiro só tem solidão.
E agora, você?
Você que tem nome, você que me zomba, você que me testa, você que não me escreve, você que não ama, você que me cala, e agora, você?
E tudo vibrou, e tudo trocou, e tudo que fui e tudo que foi e tudo.
Tudo amargou.

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