quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As Coisas Minhas Que São Sobre Você


Seco as minhas frustrações com dedos que não são meus. E fico pensando no que me disseram, no que você me disse e até mesmo outras pessoas, e também eu fico dizendo coisas a mim mesma. Eu costumava fazer isso em silêncio antes, mas então eu sucumbi ao impulso de dizer.
E eu estou dizendo.
Estou dizendo que você me deu tempo para pensar e que mesmo assim só levei 30 segundos do dia 30 do mês 3 para te responder porque eu não tinha mesmo grandes dúvidas, estou dizendo que antes eu entristecia nas janelas de ônibus pelas pessoas das poltronas da frente mas que naquele dia, naquele ônibus, (e você nem sabe do que eu estou falando) eu cobri a minha cara com a blusa porque eu estava sofrendo de felicidade-lacrimejante em excesso, e que eu estava sofrendo de felicidade-lacrimejante em excesso porque você me disse uma coisa que

(eu-sou-louco-por-você)

me deixou assim-assim mole por dentro.
Estou dizendo que eu lembro de ter me ensinado que chicletes ficam 10 anos no organismo e que isso me lembra que até hoje não faço idéia de onde foi parar o meu único chiclete do dia 12 do mês 2, mas que eu devo mesmo ter enfiado no bolso direito da minha calça jeans sem perceber enquanto pedia desculpas por ter te atacado, estou dizendo que eu amei os seus livros, as suas músicas, as suas coisas de couro, os seus brincos – eu mordi os seus brincos –, a pequena cova na bochecha esquerda, o contorno das costas e também

(as-coisas-nem-sempre-são-como-a-gente-quer)

muitas outras coisas que eu nunca contei.
Estou dizendo que você me fez atravessar a estrada a caminho de casa só pra sentir um vento quase apoteótico bagunçando o meu cabelo e batendo no meu corpo e que eu permaneci impassível, mas que foi mesmo muito divertido, e estou dizendo que muitas vezes eu quis te dizer ‘eu-também’ mas não consegui (e ah, me desculpe mesmo por isso), e que todas as vezes que eu me embaracei e troquei sílabas palavras e pensamentos aconteceram só porque eu tenho isso de travar o cérebro perto de alguém que

(já dizia o mestre “ah como você me dói vezenquando")

me deixa assim-assim descomposta feito você, ainda que tudo o que você tenha para me dizer agora seja apenas:

(eu preciso ir embora.)

Estou dizendo também que é melhor ir parando por aqui - tão importante quanto dizer é parar de dizer. Assim, com um ponto final abrupto desses que encerram uma linha de raciocínio (ainda que sem muito sentido) antes que fique mesmo muito difícil de separar o coerente do sentimental.

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