segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os Versos Que Eu Não Escrevi


Me visto com o manto de todos os meus santos pecados. Meus erros em vermelho como todas as pessoas que amei.
Agora eu me sento e espero: ainda é manhã de segunda-feira.
Porque o passado e o presente vão se misturando em histórias que você me conta, que nós vivemos, que eu costumava amar, enquanto o coração se desmonta e retorna a consertar por si só. E é selvagem, essa violência que escondo no espaço mínimo entre as unhas e a carne; é solitária, essa esquina que eu cruzei a esperar; é suado, esse veneno de espera, esse brinde não consumado de vingança não cumprida.
Tudo isso apenas porque há tanto medo de se parecer piegas-romântico-conquistador-barato que se acaba virando essa coisa bruta, essa coisa com as mãos sujas de terra e de suor, essa coisa que cala e que não diz o que sente. Essa coisa que não é suficiente. Essa coisa que também sou eu.
Por isso vou te dizendo que ando procurando uns versos de Vinicius de Moraes, de Fernando Pessoa, do Chico Buarque, dos concretistas, dos ultra-românticos, dos nada românticos também, do Cazuza, de Ferreira Gullar, ando procurando nos versos de Bertolucci com a câmera, de Mario Quintana, da Cecília Meirelles, de Drummond, de Paulo Leminski, de Edgar Allan Poe e também de Shakespeare, do Pablo Neruda, do Renato Russo, do Morrissey e da Marisa Monte, procurei também pelo Rimbaud e pela Rachel de Queiroz só pra falar aquelas coisas que eu não sei, só pra te contar de mim, só pra te dizer que.
Só pra dizer que.
Pra dizer que--
Só pra dizer.
Que--
Só.

2 comentários:

  1. Sou amiga da tua mãe,ela me disse que vc escrevia muito bem.
    Mas não pensei que fosse tão perfeito!
    Parabéns!

    Confesso que utilizei um texto teu para descrever algo sobre mim para outra pessoa.

    Adorei todos os textos!

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