sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Cacos
Tenho um gosto pelo tempo perdido
Pelo amargo das bocas
E o cristalino dos olhos
Os rascunhos mal feitos
Dos carros passando
Tenho um gosto pelo ambíguo
Um olhar em cima do muro
Para a indiferença ao meu redor
Como um conforto,
Sem repúdio
Aprecio as cores opacas
Nas pontas dos pés ou
Nas solas dos dedos
Assim como a dureza dos ossos
E a fraqueza das carnes
Um gosto pelo peculiar azul
Uns cabelos negros, retos e curtos
As sombras que passam
As luzes que ficam
As dores que marcam
Conheço o fracasso fadado
O doce sabor de um pódio
De palavras ditas no silêncio perturbador
De bocas não beijadas e
De abraços não dados
As migalhas do seu pão
Os nós nos dedos e a garganta inflamada
E os quadros abstratos da sua mão
E a expressão comprimida, no peito entalada:
eu as tenho
Guardei todas as flores murchas
Como recompensas em uma caixa
Ao redor dos cacos dos meus porta-retratos quebrados
E toda a sorte de coisas que nunca te dei
E todo o arrependimento que se pode amargar:
eu guardei.
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esses teus gostos descritos em verso soam como velhas novas histórias ja contadas com um toque melancolicamente sonoro e vibrante, uma antítese talvez;
ResponderExcluirBingo.
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