quarta-feira, 16 de abril de 2014

há dias em que estou tão pequena que não consigo usar maiúsculas


há dias em que estou tão pequena que não consigo usar maiúsculas

há dias que acordo assim, mínima. há dias que você me desama tanto que acabo te desamando também. a ingratidão e a tristeza são duas coisas atrofiadoras, os músculos não se estendem para escrever grande, escrever maiúsculo. há um dia em que percebemos que comemos o bolo eterno do isolamento e do desagrado. os meus quadris tortos e pontudos, a minha pele suja e arroxeada, meu cabelo espalhado e grosso me devora, como quem um dia já foi devorado por lábios e mãos doces, hoje amargos como o podre. sou macabéica. o cérebro pensa em [delete] [delete] [delete] [delete] [delete] [delete] [delete], mas deletar alguém ou alguma coisa é aprisiona-lo para sempre em suas fossas sépticas interiores. é povoar seu interior de moscas, vermes e lodo, que um dia te consumirão e acordarás assim:

minúscula

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