sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um Novo Tom

Eu vejo rostos similares em uma distância absurda. Em meio a uma pequena multidão, enxergo claramente os traços apesar de minha latente miopia. Não vou te descrever, pois se tornaria repetitivo. E tudo o que não combina com essa imagem é a repetição: nada é repetido ali, com exceção da euforia de todos os presentes.
Éramos todos um grande quadro abstrato de muitos tons enquanto eu tinha acabado de resguardar um choro e disfarçar um ódio forçado. Esmiucei tal raiva por horas seguidas, mas todo o rancor foi posto abaixo quando qualquer coisa de nova apareceu-me em outra pessoa e desviou todas as minhas atenções. Redirecionei-me toda e, por fim, o ódio se dissipara. Só restou-me encanto, que irei remoer e esmiuçar durante o tempo de distância.
Foi um grandioso momento de até logo que significou mais do que isso – o que já era esperado da minha parte. Posso ver todos aqueles tons de cores que éramos arrastando com leveza nossos pés pelo chão. Tudo tão pacífico naqueles momentos preciosamente calculados: restam memórias que espero multiplicar. Agora terei de remoer a angústia da descoberta não concretizada, uma promessa do que poderia vir a ser qualquer coisa de interessante. Há certo ar cruel a respeito disso, em conhecer uma bela oportunidade e vê-la adiar-se por motivos externos a sua própria capacidade de controlar o que te acontece. Pergunto-me por que descubro tão tarde tanta afinidade com gente de tanta graça, graça que às vezes – confesso! – me falta.
Posso ver-me remoendo saudades e relembrando a força de certos olhos escuros e amendoados. Atrasos, anos de passos dados para trás... quero correr para alcançar esse tom, essa qualquer coisa de especial que enxergo de longe e enfim, reecontrei.

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