quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Charada


"Eu traço tantos planos
Brilhantes, antes
De te ganhar num salto
Mortal, de iniciante
(...)
Por enquanto, por enquanto
Eu miro o índio que eu sou
No teu ser
E alcanço
Viagens tão óbvias
Loucuras tão sóbrias
De um iniciante"


O que é que me tira a voz quando devo gritar?
O que é que endurece meus braços quando devo abraçar?
O que é que prende minhas pernas quando devo correr?
O que é que me amolece quando preciso de rigidez?
O que é que me dói quando estou sorrindo?
O que é que eu não sei?
O que é que me faz rir quando não deveria de coisas estúpidas, mais estúpidas do que eu?
Poucas vezes uma bomba, outras tantas um silêncio, um sussurro baixo, uma graça burra, um saber calado.
O que é essa outra face que se debate em loucura aqui dentro e ninguém vê, ninguém sabe, ninguém gosta e ninguém nunca ouviu falar? Clamando por uma atenção desajeitada, torta e sem jeito. Uma força que não aparenta e anda à minha espreita como uma sombra que nunca me abandona. Vez ou outra estende seus braços para fora de mim em busca de liberdade.
Algumas coisas nunca param de incomodar.
Algumas coisas nunca morrem e só se transformam em seus exatos opostos.
Algumas pessoas nasceram erradas nos momentos errados para os tempos errados e só elas me restam.
Dia desses amei você. Agora faz dois minutos que te odeio tanto e sempre. E espero que estoure e exploda longe daqui, enquanto aceno pacificamente para sua indiferença.
O que é que eu não sei?
O que é que eu não vejo?
O que é que eu não sinto?

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