Bolhas flutuantes de fascínio fluindo por cada centímetro de um corpo magro. Olhos colados em um rosto próximo que suspira. De meu lugar, observo dentes quadrados e perfeitamente postos na gengiva prontos para morder, rasgar e dilacerar. Os dentes prontos para sentir novamente o sabor doce, amargo, agridoce, podre e delicioso – tudo é o mesmo! Porque os dentes é que sentem. E são as unhas que agridem de forma afetuosa. E os pés que se sujam em uma poeira desgastada.
Assisto, pois estou tomada por um cansaço-alívio de quem correu, de quem pulou e de quem soltou os ossos em um dia suave, com cabelos cheirosos e pernas rígidas. Blasfemando os erros cometidos com a voz rouca, observando curiosamente o desejo repentino aflorar nos dedos. Nem mesmo sabendo o porquê. Nem mesmo entendendo o que é que me fazia empurrar os braços naquela direção, virar a cabeça falsamente raivosa para o lado de lá e agitar as mãos de forma tola para cá. Um arrebatamento tomando conta de cada minúsculo poro e cada miúda célula, da raiz dos dentes até a borda do calcanhar. Tal sensação ignorava a cabeça e o cérebro, não havendo espaço algum para lucidez ou consciência, apenas instinto e impulso direcionados involuntariamente para uma loucura palpável ali, no alcance das mãos. O desejo incontrolável de ferir com cuidado, destroçar com meiguice, rasgar com afeto.
Assisto, pois estou tomada por um cansaço-alívio de quem correu, de quem pulou e de quem soltou os ossos em um dia suave, com cabelos cheirosos e pernas rígidas. Blasfemando os erros cometidos com a voz rouca, observando curiosamente o desejo repentino aflorar nos dedos. Nem mesmo sabendo o porquê. Nem mesmo entendendo o que é que me fazia empurrar os braços naquela direção, virar a cabeça falsamente raivosa para o lado de lá e agitar as mãos de forma tola para cá. Um arrebatamento tomando conta de cada minúsculo poro e cada miúda célula, da raiz dos dentes até a borda do calcanhar. Tal sensação ignorava a cabeça e o cérebro, não havendo espaço algum para lucidez ou consciência, apenas instinto e impulso direcionados involuntariamente para uma loucura palpável ali, no alcance das mãos. O desejo incontrolável de ferir com cuidado, destroçar com meiguice, rasgar com afeto.
Quando permitir que eu me afogue em minha própria sede, não fuja, não se deixe ir. Mal aprendi a fazer conflito, machucar nem devo saber. Sossegue: talvez eu não fira, talvez não te doa, talvez nem tenha dentes e unhas - devo ter arrancado todas.
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